Indicadores Gráficos Técnicos
Os indicadores técnicos se utilizam da matemática e estatísticas para estabelecer padrões utilizando preços e volumes em função do tempo, a fim de filtrar e equilibrar as flutuações de preços e indicar uma tendência e sua intensidade. Existem diversos indicadores técnicos, porém, o investidor deverá ser criterioso na hora de escolhê-los, e não tentar analisar todos de uma vez. Existem três classes de indicadores: Os indicadores de momento, volume e tendência. É importante salientar que o investidor, ao analisar os gráficos, deverá escolher indicadores técnicos da mesma classe, pois informações divergentes poderão aparecer nos mais diversos indicadores. Mas essa dica não é uma regra.
Os indicadores de momento, também conhecido como osciladores são utilizados para dar sinais de compra e venda em determinados momentos e pontos dos gráficos. Já os indicadores de volume, se baseiam no volume negociado para validar o movimento dos preços.
Médias móveis
As médias móveis são representações que suavizam os movimentos de preços dos ativos e ajudam a ter uma visão melhor das tendências que se estabelecem. Além disso, ela ressalta o efeito “memória”, onde o afastamento do preço em relação à média lembra os investidores que o ativo está caro ou barato, atuando como uma espécie de “imã” dos preços. Existem três tipos de médias móveis: A média móvel simples, a média móvel ponderada e a média móvel exponencial.
Média móvel simples
A média móvel simples é uma média sobre os preços de fechamento onde seu cálculo é realizado sobre um número de dias em um determinado período de tempo. A média é calculada sempre dentro do período, se deslocando conforme o tempo passa. Por exemplo, se a média for de 21 dias, o cálculo será feito sempre dos últimos 21 dias, se deslocando conforme os dias vão passando, sendo sempre calculada no preço de fechamento para evitar uma antecipação do mercado.
Uma média mais longa é menos sensível à variação dos preços do que uma média mais curta, produzindo menos movimentos errados ou voláteis. Isso acontece porque a ponderação do novo preço passa a ser menor à medida que os números de dias aumenta. Entretanto, utilizar médias móveis mais longas pode informar ao investidor uma mudança de tendência com um pouco de atraso. Uma dica ao investidor para ajustar sua média móveis é saber o prazo de investimento que ele vai seguir. Se for de longo prazo, basta alongar a média móvel. Se for de curto prazo, basta encurtar as médias.
Um dos problemas em se utilizar médias móveis simples é que ela atribui o mesmo peso a todos os preços no período. Quando o último preço sai do cálculo ou quando um novo preço entra, a média é afetada. A seguir, um exemplo de média móvel simples em um período de 21 dias da FIBR3:
Média móvel ponderada
A média móvel ponderada é mais utilizada que a média móvel simples, onde as últimas cotações são mais importantes que as primeiras. Na média móvel simples, todas as cotações possuem o mesmo peso. Já na média móvel ponderada, as cotações mais recentes possuem um peso maior. Esse peso é dado usando as últimas cotações mais de uma vez ou atribuindo um peso maior para as últimas cotações, multiplicando o peso por 2, por exemplo. A seguir, um exemplo de média móvel ponderada de 21 dias da FIBR3.
Média móvel exponencial
A média móvel exponencial não considera outros dados além do período escolhido e atribui o mesmo peso para todos os preços. Entretanto, ela atribui maior importância aos últimos preços, tendo a característica de uma média ponderada, porém, com um peso progressivamente decrescente aos preços passados e não somente aos preços que compõem a média móvel. A seguir, um exemplo de média móvel exponencial de 21 dias para o ativo FIBR3:
A média móvel é um seguidor de tendência. Se ela for ascendente, mostra que os compradores estão com mais forças do que os vendedores. Se for descendente, quem está ganhando são os vendedores. Além disso, as médias servem como ponto de suporte natural dos preços. Logo, o investidor só deverá usar as médias móveis em tendências definidas, pois utilizar as médias em tendências laterais poderá confundir o investidor, além da própria média gerar sinais falsos.
Exemplo de utilização de médias móveis:
Escolha um ativo que esteja com uma tendência definida de alta ou de baixa. No caso, utilizamos a FIBR3. Trace duas médias móveis exponenciais, sendo a primeira de 11 semanas (cor azul) e a segunda de 22 semanas (cor amarela), conforme a seguir:
Quando a média mais curta (11 semanas) cruzar de baixo para cima a média mais longa (22 semanas), será um sinal de compra e enquanto esta permanecer acima da média móvel mais longa, a posição comprada deverá ser mantida. Do outro lado, quando a média mais curta (11 semanas) cruzar de cima para baixo a média mais longa (22 semanas), será um sinal de venda, e enquanto esta permanecer abaixo da média móvel mais longa, a posição vendedora deverá ser mantida. Um dos problemas de se utilizar essa estratégia está no atraso do sinal, que poderá informar ao investidor o início da tendência um pouco tarde, fazendo com que ele perca este início de tendência.
Moving Average Convergence/Divergence – MACD
O MACD – Moving Average Convergence/Divergence – é um indicador técnico que fornece sinais de compra e venda no cruzamento de linhas do indicador e de sua média móvel, chamada de linha de sinalização. O MACD se move ao redor de uma linha central de valor zero, sem limite superior ou inferior, sendo esta linha uma zona onde existe um equilíbrio entre oferta e demanda. Logo, quanto mais o MACD se afastar dessa zona de equilíbrio, maior será a pressão para que ela futuramente retorne ao ponto de equilíbrio.
A construção do MACD é feita da seguinte forma: Primeiro, há uma linha MACD, sendo a diferença entre médias móveis exponenciais com períodos diferentes. Depois, há a linha de sinalização, que corresponde à média móvel exponencial do próprio MACD. Por último, há o histograma, que corresponde à diferença entre o MACD e a linha de sinalização, que servirá de indicador para a compra ou venda do papel.
Quando a linha MACD (linha azul) cruzar de baixo para cima a linha de sinalização (linha verde pontilhada), surge uma oportunidade de compra, e enquanto esta linha permanecer em cima, o investidor deverá manter a posição de comprado. Ao contrário, se a linha MACD cruzar de cima para baixo a linha de sinalização, haverá um sinal de venda, e enquanto esta permanecer por baixo, o investidor deverá manter a posição vendedora. O MACD poderá dar sinais com atrasos, pois também é um indicador que segue uma tendência, devendo sempre ser usado em tendências definidas.
Índice de Força Relativa – IFR
O IFR – Índice de Força Relativa – mede em cada momento a interação das forças de oferta e demanda no mercado. Ele é expresso em percentual, onde suas bandas podem ir de 0% a 100%, sendo 50% a zona neutra. Quando os preços ultrapassam a zona neutra e sobem, se aproximando de 100%, significa que a força compradora está muito forte, ou sobrecomprado, sinalizando um provável aumento do preço do ativo. Quando este estiver muito próximo de 100%, poderá ser um sinal de venda do ativo. Ao contrário, se o IFR se aproximar do limite inferior, isto é, 0%, a força vendedora é muito maior, ou sobrevendido, sinalizando uma provável queda nos preços do ativo. Quando isso acontecer, poderá ser dado um sinal de compra. Isso se deve ao fato de que, embora os ativos sigam uma tendência, eles sempre tendem a voltar para a zona de equilíbrio, que no caso é de 50%.
Não é preciso esperar que o índice toque 0% ou 100% para termos uma indicação de compra ou de venda. Aliás, este é um dos grandes problemas do IFR: determinar um limite de sinalização de compra e venda. Para isso, basta traçar uma reta no índice, ligando os principais pontos no período analisado. No gráfico acima analisado da PETR4, os pontos da linha de baixo estão em aproximadamente 17%, e os da linha de cima em 70%. Quando o IFR tocar a linha de baixo em aproximadamente 17%, este será um sinal de compra e quando ela tocar os 70%, será um sinal de venda.
Bandas de Bollinger
As Bandas de Bollinger consistem em uma combinação de três bandas. A banda central, sendo uma média móvel simples de 20 períodos do preço de fechamento, a banda superior, traçada adicionando-se duas vezes o desvio-padrão da banda central à própria banda central e a banda inferior, traçada subtraindo-se duas vezes o desvio-padrão da banda central à própria banda central.
A chance dos candles (preços) ficar dentro das bandas de Bollinger é de 95%, tornando-as muito eficientes para analisar o comportamento dos preços passados e estimar as faixas de preços futuros. Para períodos de curto prazo, pode-se usar uma média móvel de 11 períodos e um desvio-padrão de 1,5. Para tendências de longo prazo, pode-se usar uma média móvel de 50 períodos, com um desvio-padrão de 2,5. Pode-se também trocar a média móvel simples por uma média móvel exponencial.
A interpretação das bandas de Bollinger é simples. Quando os preços estão acima da média e próxima à banda superior, significa que os preços estão altos ou sobrecomprados, indicando que está na hora de vender. Do outro lado, se os preços estão abaixo da média e próxima à banda inferior, significa que os preços estão baixos demais, ou sobrevendidos. Se um candle ficar de fora da banda superior ou inferior, muito provavelmente haverá uma correção, pois os preços ficam somente 5% fora das bandas. Quando as bandas se estreitam, indicando um período de pouca volatilidade, os preços podem produzir movimentos poderosos quando a calmaria acabar.
Estocástico
O indicador estocástico foi desenvolvido para encontrar regiões de sobrecompra ou sobrevenda. Ele se move dentro de uma escala de 0 a 100, porém, quando alcança 20 ou 80, o sinal de compra ou venda é dado. Ele foi criado na observação que quando os preço caem, fecham próximo ao mínimo, e quando sobe, fecha próximo ao máximo.
Esse indicador possui duas linhas. A primeira linha é a %K (verde) e a segunda linha é a linha %D (azul pontilhada). Toda vez que a linha %K cortar de baixo para cima a linha %D, temos um sinal de compra, entretanto, ela deve ocorrer na região de sobrevenda, isto é, de 0 a 20. Já se a linha %K cortar de cima para baixo a linha %D, temos um sinal de venda, devendo ocorrer na região de sobre compra, isto é, entre 80 a 100. Este indicador é altamente sensível, devendo ser ajustado conforme o tempo analisado no gráfico.
On Balance Volume
O volume de negociação é um sinal muito forte na análise técnica. O On Balance Volume é um indicador que antecede a mudança de direção dos preços. Quando os preços sobem e o volume aumenta, a tendência é de que os preços continuem subindo. Se os preços sobem e o volume não acompanha esse aumento, significa que a tendência de alta está perdendo força. Se os preços caem e o volume aumenta, a tendência é dos preços continuarem caindo. Se os preços caem e o volume diminui, significa que a tendência de queda está se enfraquecendo. Resumindo, temos o quadro a seguir:
Preço | Volume | Tendência |
Se os preços sobem | E o volume é alto | A tendência é de alta |
Se os preços sobem | E o volume é baixo | A tendência é de baixa |
Se os preços caem | E o volume é alto | A tendência é de baixa |
Se os preços caem | E o volume é baixo | A tendência é neutra |
O OBV indica a convergência ou divergência existente entre topos e fundos. Por exemplo, quando dois topos no gráfico de preços acompanham dois topos no OBV, temos uma indicação de estabilidade e continuação da tendência vigente. Se o OBV não acompanhar esses dois topos e se mostrar em queda, uma correção nos preços poderá aparecer.
O OBV é formado usando o preço de fechamento e a quantidade de lotes negociados. Ele deve ser utilizado observando a mudança de preços e a formação da linha do OBV. Se houver alguma divergência entre os dois, uma mudança de tendência poderá acontecer. Se o aumento de preços não for acompanhando pelo aumento de volume negociado, será um sinal de que a as compras estão perdendo a força, e uma mudança de tendência está preste a chegar. Porém, não é 100% do tempo que esse indicador está correto, devendo o investidor tomar cuidado em suas decisões.
Fibonacci
A sequência de Fibonacci foi desenvolvida pelo matemático Italiano Leonardo Fibonacci no século XIII, onde é possível achar os números chamados de razão áurea, encontrados nos seres humanos (ossos dos dedos), na relação das colmeias e conchas, dentre outra diversas aplicações, que, quando transformados em porcentagem, nos dão os valores de 38,2%, 50% e 61,8%. Essa sequência e a razão áurea também foi aplicada ao mercado de ações e às finanças.
Através da sequência de Fibonacci, é possível saber com antecedência o target price (alvo de preço) que um determinado ativo atingirá depois de romper um suporte ou resistência, além de mostrar os prováveis pontos de suporte e resistência quer os preços vão alcançar, ao efetuar uma correção ou continuar seguindo sua tendência.
Para calcular a sequencia de Fibonacci, basta abrir um gráfico e analisar um determinado período (curto prazo ou longo prazo). Depois, basta traçar, dentro do gráfico, as linhas de Fibonacci, atingindo o ponto mais alto e o mais baixo do gráfico, conforme figura a seguir:
Podemos observar no gráfico acima da CSNA3, que ela esteve em uma longa tendência de queda. Os preços atingiram, na máxima, R$ 12,41, na linha 100% da sequencia de Fibonacci. Depois, começaram a cair, até atingir a segunda linha (61,8%). Observe aqui que esta linha era um suporte, onde os preços não romperam de primeira, ganhando forças para subir por um breve período de tempo antes de testar novamente o suporte e finalmente rompê-lo. Depois de romper a linha 61,8%, os preços foram testando as linha de baixo (38,2%, 14,6%, 9%), rompendo cada uma delas, até atingir a primeira linha, a linha de 0%.
Os preços não conseguir romper esta linha, e logo começaram a subir, testando as linhas de cima, uma a uma, rompendo todas as resistências, até chegar na linha de 61,8%, onde ficou por um breve período de tempo até conseguir romper a linha de resistência, atingindo a última linha de 100%, onde os preços alcançaram suas máximas. Perceba aqui que os preços não estão conseguindo romper a última linha, dando sinais de que os preços podem recuar nos próximos dias, até testar o suporte da linha de 61,8%, ou terem forças para subirem e romper a linha de 100%.
TRIX
O indicador TRIX – média móvel exponencial tripla – é uma poderosa ferramenta de análise técnica. Ela serve tanto como oscilador, indicando regiões de sobrecompra ou sobrevenda, quanto indicador de momento, ajudando a determinar a força de uma tendência. O TRIX, utilizado como oscilador, oscila em torno de zero, e quanto mais alto ele estiver, maior será a indicação de sobrecompra e quanto mais baixo ele estiver, maior será a indicação de sobrevenda. Já se for usado como indicador de momento, sua linha indica se uma determinada tendência está ganhando ou perdendo força.
A vantagem de se utilizar o TRIX é que ele remove grande parte dos movimentos que causam distorções na hora de indicar uma mudança de tendência, além de dar sinais antes dos demais indicadores de mudança de tendências. Assim como os demais indicadores, sua utilização fica mais confiável quando utilizada com outros indicadores, a fim de ter um embasamento maior nos sinais de mudanças de preços e tendências.
Oscilador Agulhada
O indicador de agulhadas foi criado por um brasileiro chamado Odir Aguiar, conhecido como Didi, por isso, esse indicador também recebe o nome de agulhadas do Didi. Ele percebeu um comportamento particular das médias móveis de 3, 8 e 20 períodos. Essas médias móveis devem ser juntamente analisadas, onde a média de 8 períodos é sempre constante na horizontal. As outras duas médias móveis, de 3 e 20 períodos, formam um indicador de compra ou venda, onde quando há uma junção das médias de 3 e 20 períodos fica acima da linha de 8 períodos, temos uma agulhada. No oscilador, todas as médias móveis são divididas por 8, por isso a média móvel de 8 dias é uma linha reta, pois seu valor é igual a um. Observe o gráfico a seguir:
A linha horizontal (azul) é a média móvel de 8 períodos. Observe que ela não oscila, permanecendo sempre na horizontal. A linha vermelha é a média móvel de 20 dias, e a linha verde é a média móvel de 3 dias. Toda vez que a linha verde cruzar de baixo para cima a linha vermelha, e esta passar acima da linha azul, temos uma agulhada de compra. Já se a linha verde cruzar de cima para baixo a linha vermelha, onde a linha vermelha ficar abaixo da linha azul, temos uma agulhada de venda. Observe que as linhas das médias móveis de 3 e 20 dias acompanham a evolução dos preços no gráfico.
As agulhadas do Didi marcam apenas o início da operação e nunca a saída, devendo ser utilizado outros indicadores para sair da operação. É sempre importante aguardar o candle seguinte para confirmar o sinal de compra ou venda.